A partir do ano de 1970, Dalida dá um novo rumo à sua carreira. Inspirada pela filosofia oriental, a qual teve conhecimento através de Arnaud Desjardins - com quem teve um breve relacionamento amoroso, mas que terminou em 1971, uma vez que o rapaz era casado, e resultou em uma forte amizade - e em diversas viagens ao oriente, principalmente à Índia, a cantora passou a enxergar a vida de outro ponto de vista. Chegou inclusive a ponderar a por um fim em sua carreira, a qual era focada nos sucessos musicais da moda e nos trabalhos essencialmente comerciais, para gerar lucro à gravadora. Contudo, ela prossegue com a carreira artística, mas não sem antes promover grandes mudanças nela.
A primeira foi que Dalida decidiu romper definitivamente com a Barclay. A gravadora permitia atuação parcial da cantora, de forma que muitas músicas ela tinha que gravar apenas para satisfazer o gosto da empresa, que procurava sempre focar no resultado positivo das vendas. Essa postura fez com que até então Dalida fosse considerada praticamente como uma fábrica de vender discos. Além de ser bastante popular - em 1965, foi eleita a cantora preferida dos franceses -, fazê-la registrar hits chicletes iê-iê-iê era uma forma de fazer com que ela estivesse ditando aquela moda, que já durava quase uma década. O resultado é que no final dos anos 1960, mais precisamente entre 1967 e 1969, Dalida não sentia vontade de gravar algumas das canções que registrou. Naké-di, Naké-dou e Tipitipiti, lançadas em 1969, era canções detestadas por Dali, motivo pelo qual as canções não foram incluídas na coletânea Les Années Barclay - L'An 2005.
O fato é que Dalida sentia necessidade de se libertar daquele estilo e realizar uma produção que tivesse mais haver com ela, e que, principalmente, ela tivesse mais liberdade para inovar e gravar aquilo que quisesse. Por isso, no biênio 1969-1970, ela rompe com a Barclay e se junta ao seu irmão mais novo, Bruno Gigliotti, para fundarem uma sociedade. Bruno, que também se interessava por música e chegou a tentar carreira artística no início dos anos 1960, tornou-se o produtor musical e agente pessoal da irmã. Como nome artístico, ele assume o pseudônimo Orlando, que era o nome de seu irmão mais velho. Logo, por estar em família, Dalida teria praticamente uma gravadora própria, na qual poderia agir como bem entendesse. Um outro contrato foi firmado naquela época, com a Sonopress, que ficou responsável pela distribuição dos discos e compactos produzidos por Dalida e seu irmão.
Portanto, logo depois de lançar o EP Hey Love, Dalida lançou seu primeiro compacto na Orlando International Shows, nome da produtora lançada pelo irmão, agora conhecido por Orlando. O 45 rotações trazia quatro canções: Lady d'Arbanville, Pour Qui, Pourquoi, Si C'était à Refaire e Entre les Lignes, Entre les Mots. O EP, na verdade, foi o último lançado nesta modalidade. A partir de 1970, o estilo de lançamento em EP caía em desuso, dando mais destaque ao trabalho inteiro, que integrava o LP. Aos compactos restaram a incumbência de divulgarem os singles, canções promocionais que era mais trabalhadas pelos artistas. Hoje em dia, com o uso dos CDs, a moda ainda se mantém, principalmente nos Estados Unidos e Europa. Antes de lançarem o trabalho completo, os artistas lançam CDs com uma ou duas músicas que integrarão realmente o disco de carreira. O disco do single vem com capas diferenciadas e/ou conteúdos exclusivos - como remixes ou versões alternativas das faixas - e geralmente são lançados meses antes do trabalho completo.
Pois no início da década de 1970 começava a entrar em voga essa nova maneira de lançar produtos da indústria fonográfica. E Dalida ajudava a encabeçar essa nova tendência, que também definiria seu novo estilo musical. Em seu último EP, mencionado acima, a cantora apresentava um repertório mais contemporâneo e adulto, guiado por arranjos musicais mais bem cuidados e que apontavam para uma sonoridade folclórica mesclada à melancolia. A maturidade do novo estilo era reforçada pela regravação de músicas de novos artistas, que inspiravam a nova moda dos anos 1970. Lady d'Arbanville foi traduzida da rock-pop-folk homônima lançada pelo britânico Cat Stevens naquele mesmo ano. Ao mesmo tempo que inovava, Dalida mostrava que suas origens continuavam vivas, reafirmando sua forte ligação com a Itália. Ela pegou a canção La Prima Cosa Bella, defendida por Nicola di Bari no Festival de San Remo de 1970, e regravou-a como Si C'était à Refaire.
Ambos os processos - de demonstrar versatilidade em novas criações e reafirmar parâmetros antigos - foram sendo trabalhados nos singles seguintes, Darla Dirladada e Ils Ont Changé Ma Chason, Ma. A primeira música tratava-se de uma canção folclórica originária da ilha de Kalimnos, na Grécia. O texto dela foi traduzido em francês por Boris Bergman - grande letrista que elaborou grandes textos para Dalida, como Le Septième Jour (1968), Lacrime e Pioggia (1969) e Le Fermier (1971). A cantora chegou a gravá-la também em italiano e a apresentou no Festival Canzoníssima de 1970. A canção fez um grande sucesso e foi certificada com o prêmio de disco de ouro. Já Ils Ont Changé Ma Chanson é um sucesso americano, composto e lançado em 1970 por Melanie Safka. De forma divertida, a canção brinca com um hábito musical costumeiro da época: a elaboração de versões de músicas americanas pelos franceses (ainda que os americanos também tenham traduzido muitos originais em francês para o inglês). De forma irônica e engraçada, o texto chega a apresentar um dos refrões e uma estrofe traduzidos para o francês, em alusão a uma possível versão daquele título. Em resposta ao texto de Melanie, a música foi realmente versionada para o francês, especialmente para Dalida, e lançada naquele mesmo ano. A faixa foi destaque entre os singles do ano e fez sucesso também em francês.
Todas essas canções e os b-sides dos dois últimos singles - Diable du Temps e Ram Dam Dam (La Vie Bat le Tambour) - integravam o novo LP de Dalida, intitulado pelo single de destaque, Ils Ont Changé Ma Chanson. Na capa, a cantora aparece vestida em uma roupa também bem folclórica, mostrando que sua mudança na música também se refletia na moda. Desde 1969, Dalida vinha substituindo as botas e saias sessentistas por longos vestidos e batas indianas, vestimentas mais compostas. A mudança também era inspirada pelo fato de que a artista, então com 37 anos, já chegava na casa dos quarenta e optava por um visual mais senhorial. O referido álbum, que possui uma linha de produção bem marcante, foi bastante aclamado pela crítica da época, apesar do sucesso comercial ter sido menor - apenas um disco de ouro registrado.
Apesar de ter obtido sucesso comercial, os novos trabalhos de Dalida não estavam voltados para esse propósito. No LP de 1970, apenas Darla Dirladada e Ils Ont Changé Ma Chanson, Ma, que se tornaram singles, eram canções mais comerciais. Toda a linearidade do disco tinha um quê de alternatividade, que inseria Dalida em um patamar de produção musical mais refinado e fora do eixo da moda. Canções como Pour qui, Pour Quoi e Mon Frère le Soleil demonstram esse novo lado da cantora, atraem olhares curiosos sobre o novo estilo, apesar de não serem grandes hits comerciais.
A primeira foi que Dalida decidiu romper definitivamente com a Barclay. A gravadora permitia atuação parcial da cantora, de forma que muitas músicas ela tinha que gravar apenas para satisfazer o gosto da empresa, que procurava sempre focar no resultado positivo das vendas. Essa postura fez com que até então Dalida fosse considerada praticamente como uma fábrica de vender discos. Além de ser bastante popular - em 1965, foi eleita a cantora preferida dos franceses -, fazê-la registrar hits chicletes iê-iê-iê era uma forma de fazer com que ela estivesse ditando aquela moda, que já durava quase uma década. O resultado é que no final dos anos 1960, mais precisamente entre 1967 e 1969, Dalida não sentia vontade de gravar algumas das canções que registrou. Naké-di, Naké-dou e Tipitipiti, lançadas em 1969, era canções detestadas por Dali, motivo pelo qual as canções não foram incluídas na coletânea Les Années Barclay - L'An 2005.
O fato é que Dalida sentia necessidade de se libertar daquele estilo e realizar uma produção que tivesse mais haver com ela, e que, principalmente, ela tivesse mais liberdade para inovar e gravar aquilo que quisesse. Por isso, no biênio 1969-1970, ela rompe com a Barclay e se junta ao seu irmão mais novo, Bruno Gigliotti, para fundarem uma sociedade. Bruno, que também se interessava por música e chegou a tentar carreira artística no início dos anos 1960, tornou-se o produtor musical e agente pessoal da irmã. Como nome artístico, ele assume o pseudônimo Orlando, que era o nome de seu irmão mais velho. Logo, por estar em família, Dalida teria praticamente uma gravadora própria, na qual poderia agir como bem entendesse. Um outro contrato foi firmado naquela época, com a Sonopress, que ficou responsável pela distribuição dos discos e compactos produzidos por Dalida e seu irmão.
Pois no início da década de 1970 começava a entrar em voga essa nova maneira de lançar produtos da indústria fonográfica. E Dalida ajudava a encabeçar essa nova tendência, que também definiria seu novo estilo musical. Em seu último EP, mencionado acima, a cantora apresentava um repertório mais contemporâneo e adulto, guiado por arranjos musicais mais bem cuidados e que apontavam para uma sonoridade folclórica mesclada à melancolia. A maturidade do novo estilo era reforçada pela regravação de músicas de novos artistas, que inspiravam a nova moda dos anos 1970. Lady d'Arbanville foi traduzida da rock-pop-folk homônima lançada pelo britânico Cat Stevens naquele mesmo ano. Ao mesmo tempo que inovava, Dalida mostrava que suas origens continuavam vivas, reafirmando sua forte ligação com a Itália. Ela pegou a canção La Prima Cosa Bella, defendida por Nicola di Bari no Festival de San Remo de 1970, e regravou-a como Si C'était à Refaire.
Dalida seguia cantando hits italianos em francês, como Si C'était à Refaire
Ils Ont Changé Ma Chanson, Ma: outro grande sucesso,
que deu nome ao LP lançado naquele ano
Todas essas canções e os b-sides dos dois últimos singles - Diable du Temps e Ram Dam Dam (La Vie Bat le Tambour) - integravam o novo LP de Dalida, intitulado pelo single de destaque, Ils Ont Changé Ma Chanson. Na capa, a cantora aparece vestida em uma roupa também bem folclórica, mostrando que sua mudança na música também se refletia na moda. Desde 1969, Dalida vinha substituindo as botas e saias sessentistas por longos vestidos e batas indianas, vestimentas mais compostas. A mudança também era inspirada pelo fato de que a artista, então com 37 anos, já chegava na casa dos quarenta e optava por um visual mais senhorial. O referido álbum, que possui uma linha de produção bem marcante, foi bastante aclamado pela crítica da época, apesar do sucesso comercial ter sido menor - apenas um disco de ouro registrado.
Em 1970, Dalida fez sucesso com Darla Dirladada,
transformando a canção folclórica grega em hit
Pour qui, Pourqui: Através de um novo estilo musical,
Dalida demonstra maturidade artística e pessoal
Dalida emplaca outra composição grega em 1970: Mon Frère le Soleil, de Mikis Theodorakis,
mesmo compositor do sirtake de Zorba, o Grego. A canção foi trabalhada apenas em 1977,
quando figurou novamente outro LP de Dalida, Salma Ya Salama.
No primeiro disco da coletânea Les Années Orlando, intitulado La Rose Qui J'Aimais, constam todas as canções do LP de 1970 e os b-sides não incluídos no álbum. Além disso, marcam presença no CD canções lançadas no disco Une Vie, de 1971. Este último continua o trabalho feito por Dalida no ano anterior, sendo que de forma mais intensificada. As composições apresentadas no LP mostram temas ainda mais denso, com temas mais aprofundados. É o caso de Comment Faire Pour Oublier, Tout au Plus, Mamy Blue (interpretada em italiano) e Avec le Temps - esta última, composição célebre de Léo Ferré. Além dessas, o disco La Rose Qui J'Aimais traz a versão de Dalida de uma canção polêmica de Lucio Dalla, adaptada como Jésus Bambino. Para conhecer as demais canções do álbum Une Vie e a gênese do trabalho, consulte a postagem homônima do disco.
1. La Rose Qui J'Aimais
2. Ils Ont Changé ma Chanson, Ma (Look What They've Done to My Song, Ma)
3. Lady d'Arbanville
4. Comment Faire Pour Oublier (Stop! I Don't Wanna Hear it Anymore)
5. Avec le Temps
6. Si C'était à Refaire (La Prima Cosa Bella)
7. Jésus Bambino (4 Marzo 1943/Gesù Bambino)
8. Darla Dirladada
9. Pour Qui, Pour Quoi
10. Mamy Blue
11. Tout au Plus (Tutt'al Più)
12. Mon Frère le Soleil
13. Entre les Lignes, Entre les Mots
14. Les Jardins de Marmara
15. Une Jeunesse
16. Diable du Temps (Old Devil Time)
17. Ram Dam Dam (La Vie Bat le Tambour)
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