Yolanda Gigliotti
nasceu em 17 de janeiro de 1933 em Choubra, no subúrbio do Cairo. Seus pais
eram italianos, vindos da Serrastreta, na Calábria. Seu pai, Pietro Gigliotti
(1904-1945) era o primeiro violinista na Ópera do Cairo, o que a levou a se
interessar logo cedo por música e ppor obras operísticas. Sua mãe, Giuseppina
Gigliotti, era costureira. Yolanda era a filha única entre dois garotos:
Orlando, o mais velho, e Bruno, o mais jovem, nascido em 1936. No futuro, Bruno
assumiria, como nome artístico, o nome do irmão mais velho e se tornaria o
agente artístico de Dalida.
Com pouco
menos de um ano de idade, Yolanda sofre uma infecção nos olhos que quase a
cegou. Sob recomendações médicas, para curá-la, ela devia permanecer de
quarentena com uma faixa cobrindo os olhos. Após 40 dias ela estava bem, mas, em
consequência da doença, o incidente acabou resultando em um estrabismo convergente,
que a obrigou a usar óculos durante 16 anos. Após esta idade, ela decide não mais
usá-los, no intuito de se provar que já estava curada. Posteriormente, o
estrabismo voltaria a se acentuar e seria amenizado através de diversas
cirurgias as quais Dalida faria ao longo da vida.
Quando
criança, a pequena Yolanda estudou em uma escola religiosa de Choubra, onde atuou
em seus primeiros papéis no teatro. Com o estouro da 2ª Guerra Mundial, em
1939, seu pai, como todos os imigrantes italianos, foi preso e confinado no campo
de Fayed. A ordem foi dada pelo rei do Egito, que lutava contra o facismo de
Mussoline e queria investigar a vida dos italianos que viviam no País. A cada
dois meses, Iolanda e sua família iam visitá-lo, o que nem sempre era possível.
O resultado foi que ele retornou do campo em 1943, contudo, completamente
abalado. Pietro passou a sentir enxaquecas frequentes e permanecia sempre
amargurado, uma vez que teve sua carreira musical arruinada. A família tentava
compreender o máximo a instabilidade psicológica dele, a fim de tentar ajudá-lo,
mas a doença o levou a morte, dois anos depois.
Dalida e seu irmão mais novo, Bruno, que no futuro
se tornaria seu produtor sob o pseudônimo de Orlando
Na
adolescência, Dalida começou a trabalhar como costureira na casa de costura
Donna, na qual acabou virando modelo. Então, ela decide participar
de alguns concursos de beleza no Egito, a fim principalmente de se tornar atriz.
Em 1954, aos 21 anos, ela ganha o título de Miss Egito e estrela alguns filmes
de série B do cinema egípcio. O primeiro deles é uma participação no filme Un
verre et une cigarette (Um copo e um cigarro). Depois disso ela, se encontrou
com um diretor francês que lhe ofereceu um papel pequeno no filme Le
masque de Toutankhamon (A máscara de Tutankhâmon). Diante das câmeras,
Yolanda canta sem parar, despertando a atenção do diretor Marco de Gastyne. Fascinado
com o timbre de sua voz, ele a aconselha a ir até Paris tentar uma
oportunidade. Apesar da família não encorajá-la, Iolanda está decida a entrar
na vida artística francesa. Em 24 de Dezembro de 1954, Yolanda – que agora
assume o nome artístico de Dalila – desembarca em Paris.
No entanto, ao chegar à Cidade Luz, Dalila encontra muitas dificuldades.
Ela peregrina pelos estúdios, mas sempre recebe negativas. Ao contrário do que
pensava, seu currículo de Miss Egito com algumas poucas atuações em filmes parece
não ter peso para o mercado cinematográfico francês. O mesmo aconteceu por quase dois anos, o que
deixou Iolanda bastante aborrecida e desesperançosa. Em 1956, Dalila decide
tentar participar de audições em alguns cabarés-restaurantes de Paris, tais
como o Villa d’Este e o Drap d’Or. Apesar de seu real sonho era o de ser atriz,
ela resolve tentar uma chance na música. Ela então passa a cantar nos
mencionados cabarés, apresentando um repertório exótico, composto por músicas
latinas. Nas noites, Dalila passa a conhecer pessoas importantes, tais como
Alfred Machard, um cenarista de filmes que pessoalmente lhe fala: “Porque você
não troca o segundo L de seu nome por um D, como o de Deus Pai?”.
Certa noite, na plateia do Villa d’Este, estava Bruno Coquatrix, o
diretor artístico e dono do Teatro Olympia. Junto à rádio Europe 1, Bruno
organizava um concurso para revelar novos talentos, intitulado Os Número 1 de Amanhã.
Por acaso ou por sorte, a então Dalida em cena chamou a atenção dele. Após o
espetáculo, ele a procura nos bastidores e convida para participar do teste do
concurso. Feliz com a oportunidade, Dalida, em 9 de abril de 1956, realiza seu
teste com êxito, ganhando a simpatia de dois importantes homens: Eddie Barclay,
produtor de discos, que acabara de trazer o disco de 45 rotações dos Estados
Unidos à França, e Lucien Morisse, diretor de programas da rádio Europe 1. Este último,
seduzido pelo charme oriental de Dalida, decide ele próprio comandar a carreira
da cantora. Nos próximos meses, sua carreira engataria com três compactos, que
se transformariam no primeiro LP de Dalida. O principal hit que a tornava conhecida em toda França e anunciava seu sucesso de toda uma vida era Bambino.
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