sábado, 8 de junho de 2013

Besame Mucho (1976-77)

pós o estrondoso sucesso de J'attendrai, Dalida segue desenvolvendo mais projetos em cima da disco music, sobretudo repaginando antigas canções de sucesso com roupagens mais modernas. O resultado foi um álbum lançado em 1976, Coup de Chapeau au Passé. O disco, como o próprio título sugere, dá um verdadeiro golpe do chapéu no passado, apresentando versões diferenciadas para composições de Charles Trenet, Edith Piaf, Rina Ketty, Jacques Prévert e Carmem Miranda. 

O primeiro single trabalhado no álbum foi Besame Mucho, canção que mais se destacou depois de J'attendrai, que também estava inclusa no LP. Versão foi muito bem recebida pelo público e ganhou disco de ouro em vendas; em programas de TV, Dalida sempre aparecia usando  vestidos exuberantes, dançando e cantando a faixa - pouco a pouco, o seu lado diva ia sendo cada vez mais trabalhado e posto à mostra. Futuramente, Dalida seria conhecida por seu visual sempre elegante, além de seu talento em cena.


Dalida interpreta e dança seu novo sucesso, Besame Mucho

Besame Mucho apesar de manter o título original em espanhol, trazia sua letra toda em francês, assim como a grande maioria dos hits da cantora. No b-side do single, estava a música Parle-moi d'amour, Mon Amour, versão do título italiano Parlami d'amore, Mariù, lançada em 1932 no filme Gli Uomini, que Mascalzoni (Os Homens, que patifes). O segundo e último single trabalhado do disco foi Le Petit Bonheur, uma composição do canadense Félix Leclerc, lançada em 1948. A canção foi reprisada por Dalida com êxito, embora fugisse um pouco da temática disco. O single trouxe Tu m'as Declaré L'amour com b-side, adaptação da italiana Verde Luna. Esta última, no entanto, ficou de fora de Coup de Chapeau au Passé, e só seria usada posteriormente no disco Salma Ya Salama, de 1977.

Coup de Chapeau au Passé: grandes sucessos dos anos 30, 40 e 50 repaginados

O disco de 1976 foi editado de forma muito bem pensada; de um lado do disco, apenas canções mais agitadas, enquanto do outro estavam as músicas lentas e baladas. Apesar de ter tido apenas duas músicas de trabalho, o álbum se destacou com outras faixas: Les Feuilles MortesLa Mer, Tico Tico (no Fubá) e uma nova versão para La Vie en Rose (a primeira feita por Dalida é datada de 1965). A única música que não foi retrabalhada para o disco foi Que Reste-t-il de Nos Amours?, cuja versão do disco é a mesma editada no disco Il Faut du Temps, de 1972. O álbum foi editado no Brasil no ano seguinte e obteve certo êxito. Esse foi o primeiro álbum de Dalida lançado na década de 1970; desde Le Temps de Fleurs, nosso país só tinha acesso às principais músicas da artista por meio de compactos. Isso demonstrava que Dalida vinha se tornando cada vez mais popular, ainda mais do que nos anos 1960.


Dalida e sua versão "exótica" de Tico Tico no Fubá, com 
direito a vestimentas de Carmem Miranda


Em 1977, Dalida começa o ano com um novo trabalho: o disco Amoureuse de la Vie/Femme est la Nuit. O álbum é bastante especial, pois comemora os 20 anos de carreira de Dali. Em comemoração da data, renomados compositores a presenteiam com canções especiais para o álbum. Pascal Auriat e Pascal Sevran, dupla de charás que compôs o sucesso Il Venait d'avoir 18 Ans, oferecem a Dalida, respectivamente, as peças Comme Si Tu Revenais d'un Long Voyage e Il y a Toujours une Chanson. Essa última música mostra um panorama da vida de Dalida até atingir a fama, falando sobre etapas de sua juventude, com inserções de temas musicais que a levaram pelo sucesso, como Bambino, J'attendrai, La Vie en Rose e Ah, Le Petit Vin Blanc

Em continuação, Dalida ainda recebe as melancólicas baladas Tables Separées e Comme Si Tu Étais Là de Alice Dona. Para a cantora, Roger Hanin compõe Et Tous ces Regards, uma canção extensa que é intercalada com trechos de poemas de renomados escritores. Por fim, o disco apresenta duas composições dos italianos Toto Cutugno e Vito Pallavicini - Femme est la Nuit e Le Clefs de L'amour, sendo esta a letra desta última escrita pela própria Dalida. O último presente recebido pela cantora foi a outra faixa-título, Amoureuse de la Vie. Escrita pelo cantor Gilbert Bécaud, música narra a superação de Dalida das turbulências por que passou e seu estabelecimento como uma cantora popular, querida pelo público, e satisfeita com a vida pessoal e profissional. Tudo porque, na verdade, a data era duplamente simbólica: em 1977, além dos 20 anos de carreira, haviam se passado 10 anos desde que a cantora havia tentado o suicídio e quase encontrado a morte. O episódio, inclusive, é citado na letra da canção.

Femme est la Nuit: em 1977, Dalida segue investindo em sucessos disco como carro-chefe


Amoureuse de la Vie: Dalida canta sua superação de vida ao vivo em Praga


Apesar de tantos sucessos reunidos, o disco, assim como o anterior, só teve duas músicas de trabalho: as faixas-título, que foram editadas em um mesmo compacto, e Captain Sky, versão francesa de Dalida para uma canção americana. Na verdade, a grande sacada do álbum foi a comemoração dos 20 anos de carreira de Dalida, que foi celebrado mais com shows. Mal o LP chegou as lojas, Dalida tratou de preparar um espetáculo no Olympia. No repertório, os novos sucessos, mais hits recém  consagrados como Il Venait d'avoir 18 Ans, Gigi L'amoroso, Je Suis Malade e J'attendrai. No mais, uma surpresa para o público e fãs da cantora: um pot-pourri com grandes sucessos do começo da carreira de Dalida, como Come Prima, Gondolier, Les Enfants du Pirée e Bambino. Onze faixas do show foram editadas em um LP, lançado no ano seguinte, sobre o título do próprio espetáculo, Olympia 77. Outros shows comemorativos aconteceram não só na França, mas em vários locais da Europa. Um show especial foi realizado em Praga, na República Tcheca, que recentemente virou DVD.


Dalida, como de costume, veste branco em show no teatro Olympia, em 1977

Les Clefs de L'amour: Dalida ataca de compositora na produção de novo hit


O sucesso no biênio 1976/77 resultou em muitas homenagens a Dalida. A cantora ganhou nessa época a medalha Carnaval de Verão, o prêmio da Academia dos Discos - por estar em primeiro lugar nos hit parades de nove países -, além de ter sido eleita a mulher do ano no Canadá, ficando inclusive na frente da primeira dama americana, Jaqueline Kennedy. Ainda em 1977 mais prêmios esperam por Dalida, ganhos após o lançamento de mais um LP, o Salma Ya Salama. Mas esse só será abordado na próxima postagem.

Todos esses sucessos acima citados foram reunidos na coletânea Les Années Orlando, mais especificamente no volume 5, intitulado Besame Mucho. Ao todo, são oito canções do Coup de Chapeau au Passé (as demais estão no volume 4), três do álbum Femme est la Nuit/Amoureuse de la Vie e cinco do LP Salma Ya Salama. As demais canções dos dois últimos álbuns citados vêm inclusas no CD 6 da referida coletânea. Nessa postagem também é possível conferir o disco do Olympia 77, com todas as 12 faixas originais, lançadas tanto em LP quanto em CD, além de Gigi L'amoroso, faixa extra lançada apenas em uma coletânea especial de lives de Dalida.


Besame Mucho
1. Besame Mucho (Embrasse-moi)
2. La Mer
3. Maman
4. Les Feuilles Mortes
5. Histoire d'Aimer (Mister Love)
6. Tu m'as Declaré L'amour (Verde Luna)
7. Notre Façon de Vivre
8. Amor, Amor (Amour c'est Tout Dire)
9. La Vie en Rose
10. Parle-moi d'amour, Mon Amour (Parlami d'Amore, Mariù)
11. Captain Sky (OVNI)
12. Femme est la Nuit
13. Tico Tico (Tico Tico no Fubá)
14. Quando S'arrêtent les Violons
15. A Chaque Fois J'y Crois
16. Et Tous Ces Regards

Olympia 77
1. Il y a Toujours Une Chanson
2. Les Clefs de L'amour
3. Le Petit Bonheur
4. Tables Separées
5. Comme Si Tu Étais Là
6. Amoureuse de la Vie
7. Pot-pourri: Come Prima/Gondolier/Les Enfants du Pirée/Ciao Ciao Bambina/ Romantica / Garde-moi la Dernière Danse / Bambino / Les Gitans
8. Il Venait d'avoir 18 Ans
9. Je Suis Malade
10. J'attendrai
11. Femme est la Nuit
12. Et Tous Ces Regards
13. Gigi L'amoroso (Gigi L'amour) (Faixa bônus)

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