Mais à frente dos hit parades da França e da Europa, Dalida, agora vestida em belíssimos vestidos, com direito a bordados e paetês, disseminava cada vez mais sua fama. No ano em que completava 20 anos de carreira, a cantora caprichou no visual e no estilo musical: ela foi a primeira artista francófona a aderir ao movimento disco music. O gênero ainda somava-se a suas canções de costume, com requintes da música italiana, além do componente dramático, que tornavam seus shows não apenas musicais, mas também cada vez mais cênicos.
Essa composição, única e poderosa, fazia de Dalida uma artista muito querida pelo público. Ela também seguia cantando canções em outros idiomas, principalmente o italiano, sua língua materna, além de alemão. Contudo, em 1977, a artista vai ainda mais longe. Depois de muitos anos vivendo na França, Dalida faz uma viagem nostálgica ao seu país natal, o Egito. Ela visita as famosas pirâmides de Gizé, a Esfinge, e passeia pela capital, Cairo; na ocasião, ela revisita o bairro em que viveu durante a infância, Shoubra, incluindo a casa em que morou com seus familiares. A emocionante visita foi toda filmada e se tornou um documentário autobiográfico de Dalida, intitulado Dalida: Pour Toujours.
O documentário é pontuado por canções e depoimentos da cantora, o que o torna uma testemunho único sobre a vida da cantora fora dos palcos, mostrando a realidade dos bastidores. A obra também contempla momentos da cantora na sua residência, em Montmartre, e também em sua casa de veraneio, na Ilha de Córsega. A trilha sonora do longa foi editado em LP e lançado no mercado ainda em 1977. No entanto, a maior surpresa em consequência do filme ainda estava por vir. Depois de sua ida ao Cairo, Dalida sente-se mais conectada à cultura daquele país, aflorando-lhe a vontade de explorá-la. Sob conselhos de seu irmão Orlando, a cantora prepara e lança, ainda em 1977, um novo disco dentro do estilo com o que já vinha trabalhando, somando-lhe apenas a cultura oriental.
Dalida Pour Toujours: documentário sobre a vida da cantora pode
ser conferido na íntegra no You Tube. Confira a primeira parte.
A canção Salma Ya Salama, composição egípcia feita em 1919 para uma peça teatral, foi alvo da aposta dos irmãos Gigliotti. A música traz como tema justamente a saudade do poeta de sua terra natal, sentimento aportado a Dalida depois de sua viagem ao Egito. O título foi gravado, a princípio, em árabe e depois em francês. As duas versões foram editadas no álbum homônimo, lançado em fins de 1977. Salma Ya Salama foi bem aceita pelo público francês e consagrou Dalida como uma diva da música dançante, deixando para trás o seu estilo melancólico do início da década de 1970. Sua fama no Egito foi reavivada, e a canção se tornou a primeira obra do gênero musical Raï a se tornar sucesso mundial, sendo gravado também em outras três línguas: italiano, alemão e espanhol. O sucesso bilíngue rendeu discos de ouro no Egito e na França, além de uma medalha de honra egípcia dada pelo governo à cantora.
Cada vez mais dançante, Dalida reassume sua origem egípcia com Salma Ya Salma
Capa do LP Salma Ya Salma
Além da canção oriental, o disco trouxe outros títulos disco - como Tu M'as Declaré L'amour e Quand S'arrêtent les Violons - e baladas românticas - a exemplo de Histoire d'Aimer (que foi comercializada pela Barclay por questões contratuais), Remember (cantada em dueto novamente com Richard Chanfray) e Ti Amo, adaptação francesa do sucesso homônimo em italiano de Umberto Tozzi. O álbum apresentou três singles: além da faixa-título, Remember e Histoire d'Aimer. Depois da viagem ao Egito, uma música de 1971, que não havia tomado muito destaque na época de seu lançamento, foi trazida à tona novamente por se encaixar com o contexto oriental. Mon Frère le Soleil acabou sendo incluída no novo álbum e foi inclusive apresentada por Dalida em alguns programas televisivos da época.
Ti Amo: balada de sucesso de Dalida em 1978
Mon Frère le Soleil: composição do grego Mikis Theadorakis foi
relançada em Salma Ya Salama
Em 1978, Dalida e Orlando, depois de sete anos, rompem com a Sonopress e passam a editar discos junto à produtora Carrere. Depois de lançarem uma compilação de melhores sucessos - Et Dieu Créa Dalida - os irmãos retomam trabalhos inéditos e lançam do disco Génération 78. Fazendo homenagem àquele ano, que representou, juntamente com 1979, o auge da carreira de Dalida, o álbum trouxe a gravação de estúdio do medley apresentado pela cantora no show do Olympia 77, feito em comemoração aos 20 anos de carreira de Dali. Editado pelo compositor Jeff Barnel, o pot-pourri original dos espetáculos, que trazia oito sucessos Dalida - Come Prima, Gondolier, Les Enfants du Pirée, Ciao Ciao Bambina, Romantica, Garde-moi la Dernière Danse, Bambino e Les Gitans - em arranjos tradicionais, foi reformulado em versão disco, acrescentando também sucessos mais recentes da cantora, como Paroles Paroles, J'attendrai, Salma Ya Salama, Il Venait d'Avoir 18 Ans e Gigi L'amoroso. O medley foi gravado em dueto com o jovem cantor Bruno Guillain, que à época estava fazendo sucesso na França. Assim como sua dona, o hit também bateu recordes: foi o primeiro videoclipe feito na França, assim também como o primeiro remix.
A composição, que durava quase 7 minutos e contemplava 17 canções ao todo, foi lançada em um LP, que trazia a composição de Pascal Servran Voilà Pourquoi Je Chante e, no verso, um pot-pourri ainda maior, que chegava quase aos 12 minutos, intitulado Ça Me Fait Rêver. Neste segundo medley, também ao lado de Bruno Guillain, Dalida faz um passeio dançante por 22 hits desde o início de sua carreira até a atualidade. Por ser muito grande, o título era apresentado em versão reduzida em programas de TV e em espetáculos ao vivo. E por falar em espetáculos, não faltaram convites para apresentações ao vivo de Dalida. O sucesso do disco fez com que ele fosse editado no Brasil no mesmo ano, sob o título Danse Danse. O LP teve disco de platina na França, além de que os dois pot-pourris do disco obtiveram disco de ouro.
Dalida revisita seus grandes sucessos em Génération 78, através da disco music
Imagens do show de Dalida no Carnegie Hall e da cantora em Nova York
ao som do pot-pourri Ça Me Fait Rêver
Com o sucesso levando seu nome para todos os lugares, depois de muitos anos, Dalida é convidada para uma turnê nos Estados Unidos. Ela se apresenta é muitas cidades, como Chicago e Nova York; nesta última um espetáculo memorável feito no Carnegie Hall a consagrou no país. O trabalho bem feito lhe rendeu um convite para assinar um contrato de exclusividade com os norte-americanos, tal como lhe foi proposto no início dos anos 1950. A cantora, contudo, recusou e seguiu seu trabalho como de costume. Infelizmente, a escolha de Dali implicou em um verdadeiro embargo dos Estados Unidos às obras da artista. Ela não foi mais chamada aos país, bem como seus sucessos passaram a ter pouca repercussão e propaganda lá, haja vista que pouquíssimos LPs e EPs foram editados em terras norte-americanas, com exceção do Canadá.
De 1978 a 1979, Dalida editou muitos singles em compactos, dando a passos lentos um novo direcionamento a seu trabalho. Lentamente, a cantora acrescia ao seu repertório reprises de espetáculos musicais famosos, incluindo números conhecidos da Broadway. Ainda em 1978, Dali registra Lambeth Walk, conhecida canção do musical inglês Me and My Girl (Eu e Minha Garota), de 1937. Primeiramente, ela grava a música em inglês, dando início a registros mais frequentes de títulos no idioma; depois ela também divulga uma versão em francês. Título também recebeu disco de ouro.
Lambeth Walk: canção estreia abordagem de Dalida a títulos de musicais
e apresentações bem produzidas e coreografadas
Com o sucesso de Salma Ya Salama, Dali decide gravar outra música em árabe, mas, desta vez, uma composição autoral. Gilbert Sinoué, Marwan Saada, Jeff Barnel e Bernard Liamis se juntam e compõe Helwa Ya Baladi, título em homenagem à terra natal de Dalida, que foi logo lançada como single em um compacto. Mais uma vez, Dali fez sucesso no Egito e alcançou disco de ouro nesse país. Além disso, depois das bem sucedidas parcerias com Bruno Guillain, a dupla lança um terceiro single: Problemorama. Todas essas três canções figuraria no próximo LP de Dalida, que seria lançado ainda naquele ano, Dédié à Toi.
Portanto, assim é composto o sexto volume da coletânea Les Années Orlando, que traz como nome o do título Salma Ya Salama. O CD reúne todas as sete canções do álbum Femme est la Nuit que ficaram de fora disco número cinco da compilação, mais três músicas do LP Salma Ya Salama, as faixas do álbum Génération 78, além dos singles lançados entre 1977 e 1979, incluindo os que seriam incluídos no disco Dédié à Toi - os que foram citados acima e a faixa Il Faut Danser Reggae.
Nesta postagem você também confere o sexto volume da coletânea Italia Mia, que reúne parte da maioria das canções em italiano registradas por Dalida na década de 1970. No disco que leva o nome de Col Tempo - versão italiana de Avec le Temps - é possível achar tanto canções inéditas - La Colpa è Tua, Lei Lei - como versões para grandes hits da cantora, como Gigi L'amoroso, Ta Femme, Les Choses de L'amour. As únicas exceções são as composições Semplicemente Così e Le Parole di Ogni Giorni, que são dos anos 1980. Mais abaixo, também vê-se uma lista com canções lançadas por Dalida nos anos 1970, mas que ficaram de fora das coletâneas. Por isso, o áudio delas não se encontra em baixa qualidade.
1. Amoureuse de la Vie
2. Ti Amo (Je T'aime)
3. Salma Ya Salama (Un Homme de Sable)
4. Remember (C'était Loin) (Com Richard Chanfray)
5. Voyages Sans Bagages
6. Le Lambeth Walk (C'était Pas Compliqué)
7. Génération 78
8. Vedrai Vedrai
9. Il Faut Danser Reggae
10. Tables Separées
11. Comme Si Tu Étais Là
12. Les Clefs de L'amour
13. Voilà Pourquoi Je Chante
14. Comme Si Tu Revenais d'un Long Voyage
15. Il Y a Toujours Une Chanson
16. Helwa Ya Baladi (Qu'il est Beau, Mon Pays)
1. 18 Anni (Il Venait d'Avoir 18 Ans) (1974)
2. Semplicemente Così (1986)
3. Non è Più al Mia Canzone (Ils Ont Changé ma Chanson, Ma) (1970)
4. La Colpa è Tua (1971)
5. Tornerai (J'attendrai) (1975)
6. Vedrai Vedrai (1979)
7. Uomo di Sabbia (Salma Ya Salama) (1977)
8. Mamy Blue (1971)
9. Credo Nell'Amore (Les Choses de L'amour) (1972)
10. Col Tempo (Avec le Temps) (1972)
11. Le Parole di Ogni Giorno (1984)
12. Arlecchino (1970)
13. Lei Lei (Rain Rain Rain) (1974)
14. Tua Moglie (Ta Femme) (1974)
15. Gigi L'amoroso (Em Italiano) (1974)
1. 18 Anni (2ª Versão)
2. Giustina (Justine) (1975)
3. Il Piccolo Amore (Le Petit Bonheur) (1976)
4. Ma Melo Melodia (Ma Mélo Mélodie) (1972)
5. Manuel (Em Italiano) (1974)
Nenhum comentário:
Postar um comentário