terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Primeiros anos: do Cairo a Paris


Yolanda Gigliotti nasceu em 17 de janeiro de 1933 em Choubra, no subúrbio do Cairo. Seus pais eram italianos, vindos da Serrastreta, na Calábria. Seu pai, Pietro Gigliotti (1904-1945) era o primeiro violinista na Ópera do Cairo, o que a levou a se interessar logo cedo por música e ppor obras operísticas. Sua mãe, Giuseppina Gigliotti, era costureira. Yolanda era a filha única entre dois garotos: Orlando, o mais velho, e Bruno, o mais jovem, nascido em 1936. No futuro, Bruno assumiria, como nome artístico, o nome do irmão mais velho e se tornaria o agente artístico de Dalida.

Com pouco menos de um ano de idade, Yolanda sofre uma infecção nos olhos que quase a cegou. Sob recomendações médicas, para curá-la, ela devia permanecer de quarentena com uma faixa cobrindo os olhos. Após 40 dias ela estava bem, mas, em consequência da doença, o incidente acabou resultando em um estrabismo convergente, que a obrigou a usar óculos durante 16 anos. Após esta idade, ela decide não mais usá-los, no intuito de se provar que já estava curada. Posteriormente, o estrabismo voltaria a se acentuar e seria amenizado através de diversas cirurgias as quais Dalida faria ao longo da vida.

Quando criança, a pequena Yolanda estudou em uma escola religiosa de Choubra, onde atuou em seus primeiros papéis no teatro. Com o estouro da 2ª Guerra Mundial, em 1939, seu pai, como todos os imigrantes italianos, foi preso e confinado no campo de Fayed. A ordem foi dada pelo rei do Egito, que lutava contra o facismo de Mussoline e queria investigar a vida dos italianos que viviam no País. A cada dois meses, Iolanda e sua família iam visitá-lo, o que nem sempre era possível. O resultado foi que ele retornou do campo em 1943, contudo, completamente abalado. Pietro passou a sentir enxaquecas frequentes e permanecia sempre amargurado, uma vez que teve sua carreira musical arruinada. A família tentava compreender o máximo a instabilidade psicológica dele, a fim de tentar ajudá-lo, mas a doença o levou a morte, dois anos depois.

Dalida e seu irmão mais novo, Bruno, que no futuro
 se tornaria seu produtor sob o pseudônimo de Orlando

Na adolescência, Dalida começou a trabalhar como costureira na casa de costura Donna, na qual acabou virando modelo. Então, ela decide participar de alguns concursos de beleza no Egito, a fim principalmente de se tornar atriz. Em 1954, aos 21 anos, ela ganha o título de Miss Egito e estrela alguns filmes de série B do cinema egípcio. O primeiro deles é uma participação no filme Un verre et une cigarette (Um copo e um cigarro). Depois disso ela, se encontrou com um diretor francês que lhe ofereceu um papel pequeno no filme Le masque de Toutankhamon (A máscara de Tutankhâmon). Diante das câmeras, Yolanda canta sem parar, despertando a atenção do diretor Marco de Gastyne. Fascinado com o timbre de sua voz, ele a aconselha a ir até Paris tentar uma oportunidade. Apesar da família não encorajá-la, Iolanda está decida a entrar na vida artística francesa. Em 24 de Dezembro de 1954, Yolanda – que agora assume o nome artístico de Dalila – desembarca em Paris.

No entanto, ao chegar à Cidade Luz, Dalila encontra muitas dificuldades. Ela peregrina pelos estúdios, mas sempre recebe negativas. Ao contrário do que pensava, seu currículo de Miss Egito com algumas poucas atuações em filmes parece não ter peso para o mercado cinematográfico francês.  O mesmo aconteceu por quase dois anos, o que deixou Iolanda bastante aborrecida e desesperançosa. Em 1956, Dalila decide tentar participar de audições em alguns cabarés-restaurantes de Paris, tais como o Villa d’Este e o Drap d’Or. Apesar de seu real sonho era o de ser atriz, ela resolve tentar uma chance na música. Ela então passa a cantar nos mencionados cabarés, apresentando um repertório exótico, composto por músicas latinas. Nas noites, Dalila passa a conhecer pessoas importantes, tais como Alfred Machard, um cenarista de filmes que pessoalmente lhe fala: “Porque você não troca o segundo L de seu nome por um D, como o de Deus Pai?”.

Certa noite, na plateia do Villa d’Este, estava Bruno Coquatrix, o diretor artístico e dono do Teatro Olympia. Junto à rádio Europe 1, Bruno organizava um concurso para revelar novos talentos, intitulado Os Número 1 de Amanhã. Por acaso ou por sorte, a então Dalida em cena chamou a atenção dele. Após o espetáculo, ele a procura nos bastidores e convida para participar do teste do concurso. Feliz com a oportunidade, Dalida, em 9 de abril de 1956, realiza seu teste com êxito, ganhando a simpatia de dois importantes homens: Eddie Barclay, produtor de discos, que acabara de trazer o disco de 45 rotações dos Estados Unidos à França, e Lucien Morisse, diretor de programas da rádio Europe 1. Este último, seduzido pelo charme oriental de Dalida, decide ele próprio comandar a carreira da cantora. Nos próximos meses, sua carreira engataria com três compactos, que se transformariam no primeiro LP de Dalida. O principal hit que a tornava conhecida em toda França e anunciava seu sucesso de toda uma vida era Bambino.

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