quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Ciao Amore Ciao (1966-67)

O biênio em que Dalida completava 10 anos de carreira foi bastante movimentado para artista, ainda que a produção musical não tenha sido abundante, como nos anos anteriores. Em 1966, Dalida emplacou novos sucessos, como El Cordobés - canção em homenagem ao toureiro espanhol Manuel Benitez - e o rock-pop chiclete Et... Et. As duas fizeram parte do primeiro EP daquele ano. A receita de produção musical era a mesma seguida desde o início dos anos 1960: canções românticas mescladas a hits dançantes com pouco conteúdo. Os arranjos das canções, em geral, são bem diferenciados, seguindo a estética da influência de Dalida pelas músicas espanhola, grega, árabe e, especialmente, a italiana. Aliás, Dalida cada vez mais se aproximava do país onde seus pais haviam nascido. Na Europa, muitas vezes, diferentemente no Brasil, a descendência é mais relevante do que o local de nascimento de um indivíduo. Logo, para todos os efeitos, Dalida era reconhecida mais como italiana do que como egípcia.

Entre 1964 e 65, Dalida veio gravando mais canções em italiano, o que a leva, naquela década, a ser considerada uma espécie de embaixadora da música italiana na França. A cantora regrava sucessos italianos em francês, e vice-versa, o que a tornou bastante conhecida naqueles dois países. A partir de 1966, ela começa a ter ainda mais contato com a Itália, se apresentando em festivais de música daquele país, como o Partitíssima e o Canzoníssima. No ano de 66, ela também emplaca sucessos internacionais pela primeira vez registrados em italiano, como a versão dela para Bang Bang, de Cher.

El Cordobes: Dalida segue cantando canções com temáticas
de outros países, como Espanha, Grécia e Itália


Versão italiana de Bang Bang, registrada por Dalida, marca
época de produtiva de canções gravadas no idioma de berço da cantora


Seguido ao EP El Cordobés, Dalida lança o compacto Petit Homme. A canção obteve êxito e reconhecimento, sendo depois traduzida para o italiano, se transformando em Piccolo Ragazzo. A faixa se tornou título de um LP italiano do ano seguinte, com muitos sucesso tais como Bang Bang, a versão italiana letrada de Il Silenzio e Pensiamoci Ogni Sera - que encabeçou um LP homônimo em 1966, com músicas como Devo Imparare, Ascoltami e La Danza di Zorba. O Piccolo Ragazzo também reúne hits internacionais em italiano: Amo - versão para Girl, dos Beatles - Stivaletti Rossi - que originalmente é conhecida como These Boots Are Made for Walking, de Nancy Sinatra - e Sola Più que Mai - o sucesso Strangers in The Night, de Frank Sinatra, em italiano. Na sequência dos registros na França, Dalida lança mais um compacto em 1966, que reúne as românticas Parlez-Moi de Lui e Je T'appelles Encore, e a agitada Baisse Un Pen la Radio. Esta última música é uma referência aos grandes hits e cantores da França naquele tempo, fazendo referências a Antoine, Sheila, Johnny Halliday e a própria Dalida. Os primeiros segundos da música, onde se observa um grito agudo, foi extraída da música Juanita Banana, de Henri Salvador, outro sucesso da época.


 Capa dos LPs Pensiamoci Ogni Sera (1966), acima, e Piccolo Ragazzo (1967) abaixo

Entre 1966 e 67, Dalida é apresentada, através de seus agentes, a um jovem compositor italiano. Seu nome? Luigi Tenco. A intenção era criar uma parceria estratégica para o registro de novas canções em italiano, ou mesmo novas versões em francês. Contudo, o encontro provocou um forte atração entre os dois artista, que acabaram se envolvendo amorosamente. Sem dúvidas, Tenco foi o grande amor da vida de Dalida. Em apenas dois anos de convivência, o casal experimentou momentos de intensa lealdade e companheiros, chegando a especularem um casamento. Até então, parecia que a vida afetiva de Dalida estava bem, mas um novo drama se abateria sobre a cantora.


Dalida e Luigi Tenco: a parceria musical acabou virando caso de amor

Luigi era um homem fechado e de temperamento introvertido. Apesar do jeito tímido, nutria um grande sentimento por Dalida. Ela, que sempre fora mais extrovertida e positiva, se colocava à disposição para ajudá-lo e dava suporte nas dúvidas e incertezas dele. No lado profissional, os dois se reuniam para escolher quais composições seriam mais adequadas para Dalida gravar. Em especial, Ciao Amore Ciao era uma das preferidas de Tenco, que apostava lançá-la no consagrado Festival de San Remo - um dos principais festivais de música da Itália - naquele ano e obter certo sucesso. Reticente se a música seria bem aceita ou não, Dalida resolve gravá-la e se apresentar no mesmo festival, numa tentativa de popularizar a música. Em vista disso, o primeiro compacto de Dalida de 1967, lançado logo no início do ano, traz a versão francesa de Ciao Amore Ciao, junto a outras duas músicas italianas repaginadas em francês - Mama e Mon Coeur est Fou (Cuore Matto).

Em 27 de janeiro de 1967, Luigi Tenco sobe ao palco do Festival de San Remo. Nervoso, o compositor faz uma apresentação mediana, que não atrai a atenção do público. Mais tarde, Dalida, que então já era uma artista bastante popular, mostra a sua versão para a música, que passa a soar um pouco melhor para a plateia. No entanto, Ciao Amore Ciao não foi selecionada para nenhuma etapa, ficando em 12º na escolha do júri popular. Aborrecido com o resultado, Luigi se recolhe ao Hotel Savoy de San Remo, onde estava hospedado. Dalida tenta confortá-lo, mas o casal acaba discutindo. Mais tarde, após as apresentações da noite, a cantora procura o namorado e, para sua surpresa, o encontra morto com um tiro na têmpora esquerda dentro do quarto do Hotel. Desesperada, ela tenta acordá-lo e chama as autoridades. O caso na época foi um escândalo e deixou Dalida em choque. Apesar de aparentemente se tratar de um suicídios, algumas pistas apontavam para um possível homicídio. Por exemplo, o tiro havia sido dado na têmpora esquerda, quando Luigi era destro. Ao lado do corpo, um bilhete supostamente escrito por Tenco foi encontrado, contendo os seguintes dizeres:  "O público quis e lhe dediquei cinco anos da minha vida. Faço isto não porque esteja cansado da vida, mas como protesto". Logo, chegavam-se a conclusão de um suicídio motivado pela derrota no Festival.


Apresentação de Dalida para Ciao Amore Ciao no Festival de San Remo 1967

Mesmo ainda havendo muitos mistérios rodeando a morte de Luigi Tenco, o caso foi arquivado rapidamente, o que impediu uma análise mais precisa. Em 2005, o inquérito chegou a ser reaberto, e, desta vez, foi-se definitivamente constatada a morte por suicídio. Mas, na época, as coisas ficaram bastante nebulosas, principalmente para Dalida. Em detrimento do ocorrido, a cantora passou por um período sombrio. Foi um longo e tenebroso mês em que ficou bastante triste, praticamente em um quadro clínico de depressão. Em entrevistas, Dalida chorava falando de Tenco e aparecia fumando muito. Não se sabe se a cantora já tinha esse hábito anteriormente, mas as primeiras vezes que foi vista fumando em público foram logo após ter conhecido Luigi Tenco e depois da tragédia de San Remo. Em fevereiro de 1967, Dalida tenta o suicídio através de uma overdose de barbitúricos. Felizmente, a artista é socorrida a tempo. Ainda assim, ela permanece cinco dias em coma e mais de um mês em repouso para se convalescer do episódio.

Poucos dias antes de tentar o suicídio, Dalida se apresenta no 
Palmarès des Chansons. No setlist, canções extremamente densas e emotivas, 
como Mama. No espetáculo, a cantora usou pela última vez um vestido 
usado em uma das noites do Festival de San Remo daquele ano

Recuperada mas ainda triste, Dalida tenta reconduzir sua vida profissional, gravando naquele ano mais dois EPs. O primeiro, nomeado pela faixa Pauvre Coeur, traz, de relevante, as músicas La Chanson de Yohann - que fez parte do filme Le Vigntcinquème Heure (A Vigésima Quinta Hora) - e Les Grilles de Ma Maison, faixa que se tornou emblemática por representar a volta de Dalida à vida e aos palcos depois do suicídio. Logo após se recuperar, Dalida se apresenta novamente no Palmarès des Chansons e a música abre o espetáculo. Dali a canta com lágrimas nos olhos.

O segundo compacto traz quatro títulos de peso: Je Reviens Te Chercher - composição de Gilbert Bécaud -, À Qui, La Banda - versão francesa de A Banda, de Chico Buarque - e  Loin Dans le Temps - composição de Tenco Lontano Lontano adaptada para o francês. Ela e Ciao Amore Ciao foram as duas únicas canções de Luigi gravadas por Dalida na época.

Dalida canta Les Grilles de Ma Maison no Palmarès des Chansons.
Apresentação foi a primeira depois de sua tentativa de suicídio, em 1967

Por ocasião dos enúmeros problemas ocorridos no biênio 1966 e 67, nenhum LP oficial foi lançado. No entanto, em fins de 1967, um espetáculo no Olympia simbolizando a volta definitiva de Dalida ganha uma versão em disco. O setlist do show foi reunido em versão estúdio e compilado em um LP que foi lançado no mercado no mesmo ano. O álbum Olympia 67 reúne canções de EPs e mais três músicas inéditas em versão estúdio: Toi Mon AmourEntrez Sans Frapper e J'ai Décidé de Vivre, que demonstrava o arrependimento de Dalida no suicídio e sua vontade de recomeçar. O disco foi editado no Brasil diante da repercussão obtida pela versão de Dalida para A Banda, de Chico Buarque, embora a faixa representasse mais uma cópia da versão italiana da canção, cantada por Mina.


A Banda, de Chico Buarque, interpretada por Dalida em francês


À Qui?: uma das canções de destaque de 1967

Ainda no mesmo ano, um outro LP é lançado no mercado. Trata-se de uma coletânea de melhores sucessos de Dalida desde o início de sua carreira até então. O disco foi editado na França com o título De Bambino à Il Silenzio e trazia 13 sucessos da cantora. O álbum também chegou ao Brasil, intitulado 14 Sucessos de Dalida. Além das 13 faixas, fora incluída à lista a música Love In Portofino, de 1959. 


LPs Olympia 67 e De Bambino à Il Silenzio.

Apesar da má aceitação no Festival de San Remo, Ciao Amore Ciao acabou se tornando uma canção italiana conhecida até hoje, assim como outras composições de Luigi Tenco. A forte ligação entre a música e Dalida tornou a simbologia da canção ainda mais plena de sentido. Em diversos shows, inclusive na série de espetáculos do Olympia 67, Dalida encerrava o concerto com Ciao Amore Ciao, música ideal para uma despedida. No entanto, das primeiras vezes que tentou fazê-la ao vivo, sua voz embargava e ela deixava o palco chorando, antes mesmo de terminar a música. A cena foi tão marcante que acabou se tornando uma parte de seus espetáculos: mesmo já recuperada da perda de seu amor, Dalida ssempre saía de cena de modo súbito, antes da música terminar.

O Volume 8 da coletânea Les Années Barclay, que reúne as canções de Dalida entre 1966 e 1967, foi batizada com o título da composição de Luige Tenco. Apenas duas músicas dessa época ficaram de fora e foram inseridas no disco Volume 9: Toi Mon Amour e Entrez Sans Frapper. Para seguir uma cronologia, vou quebrar a ordem da coletânea Italia Mia e apresentar nesta postagem o Volume 4 da coleção, chamada Amare Per Vivere. O motivo é que a referida compilação não segue a ordem de lançamento correta das música de Dalida. No disco constam, majoritamente, canções entre 1966 e 1968 - período mais produtivo de Dalida em língua italiana. Mas o CD também apresenta títulos de 1960 - Scoubidou -, 1961 - 24 Mila Baci (24 Mille Baisers) e Pozzanghere -, 1962 - Questo Amore è Per Sempre (Chaque Instant de Chaque Jour) -, e 1965 - versão de Il Silenzio letrada em italiano, e Un Grosso Scandalo (Scandale Dans la Famille). (Para conhecer os Volumes 2 e 3 da coletânea Italia Mia, consulte a postagem Le Temps de Fleurs.)


1. El Cordobes (Manuel Benitez)
2. Et... Et
3. Je Crois Mon Coeur (A Taste of Honey)
4. Je T'appelle Encore
5. Baisse Un Pen la Radio (Nessuno Mi Puo Giudicare) 
6. Modesty Blaise
7. Parlez-Moi de Lui
8. Petit Homme (Little Man)
9. Tendre Amour (Warm and Tender Love)
10. Je Préfère Naturellement
11. Dans Ma Chambre (El Amor de Mi Vida)
12. Mama (When My Dollies Have Babies)
13. Ne Reviens Pas, Mon Amour
14. Ciao Amore Ciao
15. Mon Coeur Est Fou (Cuore Matto)
16. Les Grilles de Ma Maison (Green Green Grass of Home)
17. Les Gens Sont Fous (People Like You)
18. Pauvre Coeur (Ne Laisse Pas Mourir le Feu)
19. La Chanson de Yohann
20. À Qui? (Hurt me More)
21. Loin Dans le Temps (Lontano Lontano)
22. La Banda (A Banda)
23. Je Reviens Te Chercher
24. J'ai Décidé de Vivre



1. Il Silenzio (Em Italiano)
2. Non è Casa Mia (1967)
3. Sola Più Che Mai (Strangers in The Night) (1967)
4. Le Promesse d'Amore (1968)
5. Amo (Girl) (1967)
6. Amare Per Vivere (1968)
7. 24 Mila Baci (24 Mille Baisers) (1961)
8. Pozzanghere (1961)
9. Va da Lei (Tu me Voles) (1966)
10. Stivaletti Rossi (These Boots Are Made for Walking) (1967)
11. L'ora Dell'Amore (La Sable de L'amour) (1968)
12. Questo Amore è Per Sempre (Chaque Instant de Chaque Jour) (1962)
13. Il Sole Muore (Le Soleil et La Montagne) (1967)
14. Un Grosso Scandalo (Scandale Dans la Famille) (1965)
15. Scoubidou (1960)

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

La Danse de Zorba (1964-65)

Era chegado mais um novo ano. Na virada de 1964 para 65, Dalida lança mais um EP, com um outro hit chiclete a altura de Le Petit Gonzales: Viva la Pappa. A canção ia no mesmo estilo de pop iê-iê-iê, com letras divertidas mas pouco interessantes. No mesmo compacto, uma canção também alcançou sucesso relativo. Em Heene Ma Tov, Dalida entoa um outro cântico hebraico, tal como Hava Naguila, de 1959. No entanto, a nova canção foi cantada totalmente no idioma dos hebreus. Na outra, o texto era misturo parte em hebraico, parte em francês. A música relembrava a Dalida dos anos 1950, com fortes elementos ciganos, o que a tornava ainda mais conhecida em determinados países e regiões do mundo. Outra canção de destaque do disco foi a melancólica La Sainte Totoche.



Viva La Pappa: Uma vez a França ergulhada ainda na onda do 
iê-iê-iê, Dalida seguia lançando canções para divertir


Em 1965, Dalida grava Heene Ma Tov. O ato de cantar
músicas originárias de outros países e em outras línguas 
a torna ainda mais conhecida ao redor do mundo

O EP seguinte trouxe como faixa-título a música Il Silenzio (Bonsoir Mon Amour), a versão letrada da canção homônima instrumental de Nini Rosso. Originalmente, a música tinha a melodia principal feita unicamente com solo de trompete. Para Dalida, o título ganhou letras em francês e estourou nas paradas. O 45 rotações que continha a faixa - que ainda incluía canções de destaque como Flamenco e a rock-pop Scandale Dans la Famille - foi premiado com disco de ouro. Pouco a pouco, Dalida fazia mais sucessos novamente com suas canções românticas do que com as composições muito comerciais, ainda que estas ainda ditassem a moda da época. 

Apesar dos êxitos anteriores, o principal sucesso de 1965 ainda estava por vir. Um terceiro compacto lançado, nomeado pela faixa La Danse de Zorba, alcançou reconhecimento incrível. A música original, composta e gravada pelo artista grego Mikis Theodorakis, era intitulada Zorba, e foi tema de um filme homônimo (No Brasil, Zorba, O Grego), lançado em 1964. Trata-se de um tema musical instrumental popular da ilha de Creta, na Grécia, conhecido como Sirtaki. Letrada para o francês, Dalida a interpretou de modo único. Em suas apresentações, a cantora sempre realizava uma performance da dança característica do Sirtaki, o que tornava a sua releitura da canção famosa em todo o mundo, especialmente na Grécia. A música foi destaque recebendo disco de ouro duplo e chegou a receber o troféu Chico Feitosa, no Brasil. Outro título especial marcou a carreira de Dalida: em 1965, uma pesquisa musical feita na França revelou que ela era a cantora favorita dos franceses.

Dalida dançando o Sirtaki e interpretando La Danse de Zorba

Dalida entre 1964 e 65

Após três compactos de sucesso, um novo LP foi lançado naquele ano. Entre os sucessos Il Silenzio (a faixa-título), La Danse de Zorba e Scandale Dans la Famille, juntavam-se canções inéditas, que não apareciam em nenhum EP, como Tu Me Voles e uma versão de La Vie en Rose, de Edith Piaf. O disco teve boa aceitação do público e, diante do sucesso de Zorba, O Grego no Brasil, o álbum também foi lançado no referido país. Enquanto as gravações em francês corriam a todo vapor, Dalida também aumentava sua produção de canções em italiano. Nos últimos três, a cantora lançou mais EPs na sua língua materna, nos quais constavam versões de sucessos seus - La Danza di Zorba, Un Grosso Scandalo (Scandale Dans la Famille), Questo Amore è Per Sempre (Chaque Instant de Chaque Jour), entre outros - e canções originais em italiano, como Ascoltami, Devo Imparare, Cominciamo ad Amarci, contidas no EP Dalida Canta in Italiano. As grandes produções em italiano acabariam gerando, no ano seguinte, o segundo disco de Dalida cantando em italiano, que seria intitulado pela faixa Pensiamoci Ogni Sera.

Apesar de tentar apresentar suas novas gravações com sotaque francês, Dalida nem sempre o punha em prática. O LP Il Silenzio é um exemplo claro. O disco reúne canções pronunciadas mais adequadamente, como La Vie en Rose, e outras mais ao estilo da cantora. Em La Danse de Zorba, por exemplo, é possível notar os 'R's pronunciados das duas formas, em diferentes momentos da faixa. O impasse seguiria acontecendo até meados de 1966 e 67, quando Dalida deixaria de vez a tentativa de falar o francês sem sotaque e ficaria mais à vontade para cantar como quisesse. No entanto, o 'R' italiano da artista acaba se tornando uma marca registrada dela, sendo posteriormente quase que uma obrigação em suas canções.

LP Il Silenzio


Il Silenzio: sucesso foi tamanho que Dalida registrou a
canção também com letras em italiano, alemão e espanhol

Enquanto gozava do êxito de seus novos sucessos, Dalida não parava afetivamente. Depois que terminou seu relacionamento com o ator Jean Sobieski, a cantora passou algum tempo sozinha, tendo apenas um pequeno caso com o jornalista Christian de La Mazière. No entanto, o rapaz possuía um passado conturbado: Christian, que faleceu em 2006, foi um dos últimos e poucos membros da Waffen SS - uma das últimas armadas alemãs a desistir de lutar na Segunda Guerra Mundial - a sobreviver. Na época, ele lutara apenas com 17 anos. O relacionamento acabou não vingando e a relação se rompeu em 1966. No entanto, o casal engatou uma amizade que perdurou através dos anos.






Dalida e La Mazière juntos, em 1966



A Barclay organizou todas as canções lançadas por Dalida em fins de 1964 e durante o ano de 1965 no Volume 7 da coletânea Les Années Barclay. O disco é intitulado como La Danse de Zorba


1. Je ne Jamais Pu T'oublier (In Ginocchio da Te)
2. La Valse des Vacances
3. Allo... Tu m'Entends?
4. Le Printemps Sur la Colline
5. La Sainte Totoche
6. Viva la Pappa
7. Heene Ma Tov
8. La Danse de Zorba (Zorba)
9. Tu N'as Pas Mérité (Non Son Degno Di Te)
10. Tout se Termine
11. Les Nuits Sans Toi (E Se Domani)
12. Il Silenzio (Bonsoir Mon Amour)
13. Scandale Dans la Famille (Shame And Scandal in the Family)
14. Flamenco
15. Je ne Dirait Ni Oui, Ni Non
16.Tu me Voles
17. Son Chapeau
18. La Vie en Rose
19. Toi, Pardonne-Moi
20. Le Soleil et La Montagne
21. C'est Irréparable
22. Un Enfant

Le Jour le Plus Long (1962-64)

Passado o choque na transição de estilos entre os anos 1950 e 1960, Dalida passou a ter mais tranquilidade e a curtir sua fama tal como antes. Agora, a vida de vedete ficava para trás e ela estava repaginada por dentro e por fora: na música, seus sucessos rock-pop estouravam nas rádios, como Le Petit Gonzales, em 1961. A música foi o maior sucesso da cantora desde Gondolier e tornara-se, portanto, o seu maior hit daquela década, até então. Na chegada de 1962, Dalida fez mais sucesso ainda com o EP Le Jour le Plus Long, cuja faixa-título, pertencente ao filme The Longest Day (O Dia Mais Longo) foi bastante popular na época. Já na aparência, a cantora clareou os cabelos e os mantinha sempre volumosos e arrumados em penteados da moda, além de usar maquiagem e roupas mais leves e descontraídas.




Clipe da canção Le Jour le Plus Long, gravado em 1962

Apesar do êxito profissional, Dalida não estava feliz com seu casamento. A união com Lucien Morisse não representava para ela um casamento movido pelo amor, mas sim pela gratidão por tudo o que ele havia feito por ela, tornando-a uma grande estrela. Ele, por sua vez, parecia mais preocupado com a carreira da esposa que com a felicidade do casal. Ele exigia que Dalida se sacrificasse muito, inclusive que ela interrompesse várias gravidezes que tivera para não atrapalhar a carreira. Por fim, em 1962, Dalida começa um flerte com o ator francês Jean Sobieski. O boato de que ela teria traído Morisse motiva a separação definitiva do casal, depois de encerrar a colaboração artística com o marido no ano anterior. Oficialmente solteira, Dalida assume o romance com Sobieski publicamente. No entanto, o affair só durou até 1963.





Dalida e Sobieski circularam juntos por restaurantes e festas de gala entre 1962 e 63

Mesmo sem o apoio artístico do ex-marido, Dalida dá continuidade a seus novos trabalhos com a ajuda de seus produtores da Barclay. Diante disso, novas mudanças no estilo musical aconteceram. A primeira delas foi a empostação vocal, a qual a cantora abandonou, passando a cantar com a voz mais na região da fala, bem no estilo popular. Outro fator que mudou foi a questão da pronúncia de Dalida. Desde o início da carreira, ela nunca precisou se esforçar para pronunciar o francês corretamente, uma vez que o fato de possuir sotaque italiano tornava sua imagem mais interessante e exótica. Com a queda dos antigos estilos musicais, para passar definitivamente à nova era, a artista deveria abandonar as heranças do passado. Oficializada como uma cantora francesa, ela precisava cantar no idioma de forma mais precisa.

No início do ano de 1963, chega ao mercado fonográfico o compacto Tu Croiras, a versão francesa de Stand By Me, de Ben E. King, lançada originalmente em 1960. No EP haviam canções pop mais dançantes e com pouco conteúdo, como Le Cha Cha Cha e La Partie de Football. No entanto, os dois outros EPs lançados naquele ano eram compostos por canções mais melancólicas e reflexivas. Chez Moi deu nome a um dos compactos, assim como Eux, que foi uma das músicas de maior destaque da época, tornando-se título do LP que sairía naquele ano. Todas as canções eram cantadas com a voz em baixa empostação e com a pronúncia francesa bem articulada, principalmente os "R"s; Dalida, que sempre os enrolara bastante, como no italiano, agora procurava deixá-los mais rasgados, pronunciado-os na garganta, embora nem sempre conseguisse. O LP obteve um sucesso tímido, ainda que tivesse sido amplamente divulgado em vários países, inclusive no Brasil. Quase como uma exceção à carreira de Dalida, nenhum dos EPs daquele ano foi certificado disco de ouro. Entretanto, alguns prêmios foram recebidos por ela: o Oscar Mundial do Sucesso em Discos e, na Itália, o Oscar Mundial de Juke-Box, por ser a cantora mais requisitada nos Juke-Box daquele país.

Dalida no Copacabana Palace, em 1963,
 por ocasião da divulgação do LP Eux no Brasil 

Em 1963, Dalida participou novamente de um filme, mais uma vez com um papel relevante. Em L'inconnue de Hong Kong (A desconhecida de Hong Kong em tradução livre. De Paris a Hong Kong no título brasileiro), a cantora interpreta Georgia, uma cantora levada por um pianista ao oriente para levar o charme de Paris a Hong Kong. O pianista é interpretado por Serge Gainsbourg, outro grande importante cantor da época. 

Eux: apesar da música ter sido registrada oficialmente com pronúncia 
afrancesada, a versão do filme L'inconnue a Hong Kong é interpretada
 por Dalida com seu famoso sotaque italiano

LP Eux


Em 1964, Dalida segue com sucessos mais amenos, que não alcançam tanto grande repercussão entre críticos e fãs. Na onda de canções do álbum anterior, a cantora grava algumas músicas pop, como Papa, Achète-Moi un Mari e Allo, Tu m'Entends?, mas dá privilégio às músicas românticas, que acabam fazendo mais sucesso. A principal delas é a versão francesa de Amore Scusami (Amour Excuse-Moi), um clássico da música italiana dos anos 1960, que se torna a mais premiada canção daquele ano, com certificado de disco de ouro. Ainda que seja toda cantada em francês, a música conserva o título original em italiano. Outras baladas que se destacaram na época foram Chaque Instant de Chaque Jour e Tant d'Amour du Printemps. Ao todo, 4 EPs foram reunidos para dar origem a um novo LP, que foi lançado pela faixa principal, Amore Scusami.



Em 1964, Dalida bate um novo recorde, sendo a primeira artista a ganhar um disco de platina no mundo. O sucesso do ano foi consagrado com um show no Olympia, que atraiu uma legião de fãs. Para completar, Dalida implementa mais uma mudança visual: aparece em público com os cabelos mais curtos, mas, pela primeira vez, completamente loiros. O visual seria adotado pela artista para o resto da vida, com exceção de poucas aparições posteriores com os cabelos castanhos.

Dalida canta Amore Scusami no programa televisivo Top à Petula Clark

Dalida entra em cena no Teatro Olympia, em 1964

As músicas de Dalida entre 1962 e 1964 foram reunidas no volume 6 da coletânea Les Années Barclay. Apesar do sucesso de Amore Scusami, o disco foi nomeado com a faixa Le Jour le Plus Long, que encerrou o ano de 1962 de modo bastante positivo para Dalida. Confira a lista de canções:



1. Le Jour le Plus Long (The Longest Day)
2. Toutes les Nuits (All Through the Nights)
3. Mi Cariñito
4. Tu Croiras (Stand By Me / Preghero)
5. La Partie de Football (Partita di Palone)
6. Le Cha Cha Cha
7. Bientôt (Dawning)
8. Chez Moi (Down Home)
9. Loop de Loop
10. Quand Revient l'Été (Summer Holiday)
11. Jour du Retour
12. Eux
13. Que la Vie Était Jolie
14. Sois Heureux
15. Ah! Quelle Merveille
16. Ce Coin de Terre (This Land is Your Land)
17. La, Il a Dit (Loody Lo)
18. Ding Ding
19. Papa, Achète-Moi un Mari
20. Ils Sont Partis
21. Tant d'Amour du Printemps
22. Je Ne Sais Plus (You Don't Own Me)
23. Ne T'en Fais Pas Pour Moi
24. Ne Lis Pas Cette Lettre
25. Je T'aime (It's Over)
26. Chaque Instant de Chaque Jour (Any Old Time of Day)
27. Chacun à Sa Chance
28. Amore Scusami (Amour Excuse-Moi)


domingo, 20 de janeiro de 2013

Le Petit Gonzales (1961-62)

Na transição artística para o estilo iê-iê-iê, Dalida se deu muito bem. O ano de 1961 começou positivamente para a artista, com a popularização do EP Garde-Moi la Dernière Danse em 1960 (Para mais informações sobre o ano, consulte a postagem Les Enfants du Pirée). Em alguns meses, um LP novo da cantora foi lançado no mercado, sob o título da canção. Nele contêm diversas músicas no novo estilo, tais como Pepe, repaginada de uma canção da trilha sonora de um filme homônimo, 24 Milles Baisers, versionada de uma canção italiana, e Dix Milles Bulles Bleues. Ambas as faixas pertenciam a dois compactos lançados na época, que eram identificados pelas duas primeiras músicas citadas acima. No álbum ainda figuravam os sucessos do ano anterior Itsi Bitsi Petit Bikini e O Sole Mio.

Outra música bastante importante no álbum é Parle-Moi d'Amour (Fala-me de Amor), canção retirada também de um filme homônimo. No entanto, ao contrário dos demais, o mesmo foi estrelado pela própria Dalida, que interpretou uma cigana chamada Laura Pisani, a personagem central. Na lista dos filmes com participação de Dalida, este é um dos mais populares e de maior destaque. Ainda que o longa não tenha se destacado na época, ele serviu bastante para divulgá-la, uma vez que era do gênero musical e era composto essencialmente pelos sucessos da intérprete protagonista. O filme é pontuado por canções como O Sole Mio, Les Gitans, Milord, Le Bonheur Vient de Me Dire Bonjour, além da faixa-título.

Dalida canta Parle-Moi d'Amour em cena do filme homônimo.

Milord: clássico de Edith Piaf é repaginado em versão italiana na voz de Dalida.
Cena extraída também do filme Parle-Moi d'Amour

O sucesso de Dalida permanecia dando bons frutos não apenas na França, mas também em outros países. Em 1961, ela lançara pela primeira vez um disco em italiano, nomeado por Milord, que encabeçava outras canções os grandes sucessos de Dalida versionados àquele idioma . Enquanto isso, na Alemanha, o disco Rendez-Vous Mit Dalida causava o mesmo impacto, apresentando a cantora cantando integralmente na língua daquele país. O resultado eram as versões para Romantica, Ciao Ciao Bambina (Tschau Tschau Bambina), La Chanson d'Orphée (Orfeo), Milord e o grande hit de Dalida em alemão: Am Tag als der Regen Kam (Le Jour où la Pluie Viendra). Os EPs Garde-Moi la Dernière Danse e Parle-Moi d'Amour ganharam certificado disco de ouro na França, e compacto de Milord alcançou o mesmo êxito na Itália.

Ao mesmo tempo de gozar de grande sucesso profissional, Dalida também experimenta a felicidade afetiva ao casar, em 8 de abril de 1961, com seu produtor Lucien Morisse. A verdade é que, desde que haviam se conhecido, Lucien havia se apaixonado por ela e decidira ele próprio a comandar a carreira da moça. Assim, pouco a pouco, o diretor musical da rádio Europe 1 se aproximou ainda mais de Dalida e os dois, com o passar do tempo, passaram a namorar. Em 1961, decidem oficializar a relação, que, infelizmente, dura apenas dois anos. No início de 1963, um boato de que Dalida o teria traído apenas decreta definitivamente a separação, que já era motivada pela fraqueza da união, alimentada estreitamente pelo compromisso profissional entre o casal.

Dalida e Lucien Morisse casam-se em abril de 1961 após longo
namoro engatado surgido do compromisso profissional entre o casal

O casal Dalida e Morisse nos Alpes Huez, em 1960.

Embora o insucesso afetivo só fosse surgir dois anos depois, nem tudo na vida de Dalida estava bem naquele ano. A cantora enfrentou grandes problemas em 1961 por conta da revolução musical no mundo e sua quebra de estilo. Habituada ao sucesso de vedete da década de 50, Dalida foi recriminada pela crítica na chegada dos anos 1960. De forma geral, artistas já consagrados no mundo todo enfrentavam dificuldades. A nova geração musical, inspirada no rock iê-iê-iê, fez com que os antigos fossem denominados como cafonas e ultrapassados. Na França, não foi diferente. Cantores do estilo chanson e vedetes foram esquecidos ou ficavam em segundo plano em relação a nomes jovens como Johnny Halliday, Sylvie Vartan, Sheila, Françoise Hardy e Claude François, que representavam uma estética musical mais moderna e ditavam a moda. Por isso, mais do que cantar em um novo estilo, Dalida precisava provar ao público e à crítica que era capaz de incorporar a nova realidade musical, render frutos positivos e mostrar que não havia ficado para trás. Para tanto, um espetáculo no Olympia foi organizado. O show seria considerado um divisor de águas na carreira dela e apontaria se a cantora conseguiria acompanhar a nova era ou cairía no ostracismo. Na época, a polêmica foi grande. Um grupo chegou a organizar um ato de hostilização a Dalida durante o espetáculo, mandando uma coroa mortuária de flores para seu camarim. Por fim, o concerto no Olympia 61 de Dalida se tornou um dos mais emblemáticos realizados por ela naquela década, uma vez que conseguiu consagrá-la como uma grande artista. Consequentemente, a ocasião também fez com que Dalida abandonasse seu estilo antigo para nutrir apenas aquele recomeço, regido unicamente pelo estilo pop-rock iê-iê-iê. Em decorrência da mudança, seu visual mudou bastante, deixando de lado o visual exótico em prol de penteados armados da moda, maquiagem menos excessiva e vestimentas mais modernas. No entanto, alguns resquícios do passado ainda podiam ser sentidos, como a empostação de voz no canto e os temas ciganos.

Dalida no palco do Olympia, em 1961: momento de conflito e consagração

Dalida em estúdio: biênio 1961 e 1962 marcou mudança de canções exóticas
da cantora para hits pop-rock da moda iê-iê-iê

Assim, outros EPs chegaram ao mercado seguindo os padrões da nova onda. Canções dançantes como Tu Peux le Pendre e Avec une Poignée de Terre, e baladas tais como Tu Ne Sais Pas, Protégez-moi Seigneur Loin de Moi, passavam direto nas rádios, sendo esta última usada como faixa-título para o LP que saiu no final do ano, juntamente com a vitória de Dalida por mais um Oscar da Canção Francesa, prêmio que dividiu ao lado de Charles Aznavour.

LP Loin de Moi: na capa, Dalida exibe novo estilo de se vestir, 
que reflete a mudança no estilo musical


Em 1962, o movimento rock se intensificou. Músicas bem agitadas mas com pouco conteúdo, como Achète-Moi un Juke-Box - cujo EP também obteve disco de ouro - e La Leçon de Twist fizeram sucesso, mas a que mais obteve destaque foi Le Petit Gonzales, uma música na qual Dalida interpreta um diálogo hipotético com seu filho pequeno. O hit explodiu e representou o maior sucesso da cantora desde o êxito obtido por Gondolier, em 1958. A canção, no entanto, por pertencer a uma época muito específica e ter um conteúdo fraco, não acabou se tornando um sucesso memorável na posteridade. Após o lançamento, Le Petit Gonzales ganhou certificado também de disco de ouro, juntamente com a faixa-título de um EP da época Le Jour le Plus Long, que, apesar do sucesso, não integrou nenhum LP. Outras canções de destaque da época foram Nuits d'Espagne, que lembravam o lado exótico com o qual Dalida iniciou sua carreira, e a balada Que Sont Devenues les Fleurs?, que foi versionada de uma canção folclórica americana, a qual narra uma reflexão sobre a efemeridade da vida. Por sua obra musical, Dalida acaba recebendo mais prêmios: o Oscar da Rádio Montecarlo, mais uma vez, e o título de cidadã honorária da Calábria, região da Itália onde haviam nascido seus pais.

Le Petit Gonzales: hit dos anos 1960, aos olhos da atualidade,
torna-se cômico devido ao teor demasiadamente apelativo

EP Le Petit Gonzales

No Volume 5 da coletânea Les Années Barclay são apresentadas as canções gravadas por Dalida entre 1961 e 1962. Embora algumas delas já haviam sido lançadas em 1960, elas estouraram e figuraram LPs apenas no ano seguinte. A canção que deu título ao disco foi Le Petit Gonzales. Já o Volume 1 da coletânea Italia Mia, reúne as músicas que Dalida gravou em italiano entre 1956 e 1962, com exceção da versão italiana de Amore Scusami, que é de 1964. Outras canções gravadas ao longo desses seis anos, como ScoubidouIl Venditore di Felicità e Un Uomo Vivo, foram reunidas em outros CDs da coletânea. Já a faixa L'acqua Viva não entrou em nenhum título da compilação.


1. Dix Milles Bulles Bleues (Le Mille Bolle Blu)
2. Pepe
3. 24 Milles Baisers (24 Mila Baci)
4. Je me Sens Vivre (Un Uomo Vivo)
5. Quand tu Dors Près de Moi
6. Parle-Moi d'Amour
7. Nuits d'Espagne (Spanish Harlem)
8. Reste Encore Avec Moi (Non Mi Dire Chi Sei)
9. Protégez-moi Seigneur (Poderoso Señor)
10. Tu Peux le Pendre (You Can Have Hear)
11. Avec une Poignée de Terre (A Hundred Pounds of Clay)
12. Comme Une Symphonie (Come Sinfonia)
13. Loin de Moi
14. Plus Loin que la Terre (Stranger from Durango)
15. Tu ne Sais Pas (You Don't Know)
16. Cordoba
17. Si tu me Téléphones
18. Achète-Moi un Juke-Box (Jukebox Twist)
19. T'aimerai Toujours
20. La Leçon de Twist
21. Le Ciel Bleu (What a Sky)
22. Le Petit Gonzales (Speedy Gonzales)
23. À Ma Chance
24. Je ne Peux Pas me Passer de Toi (Girl Like You)
25. Toi, Tu me Plais
26. Je l'Attends (King of Clowns)
27. Petit Éléphant Twist (Baby Elephant Walk)
28. Que Sont Devenues Les Fleurs? (Where Have All The Flowers Gone?)


Zingaro Chi Sei
1. Uno a Te, Uno a Me (Les Enfants du Pirée) - 1960
2. La Canzone di Orfeo (La Chanson d'Orphée) - 1960
3. Bambino (Versão original) - 1956
4. Chi Mai Lo Sa (Che Sarà del Nostro Amore?) (Que Sont Devenues Les Fleurs?) - 1962
5. Milord (Versão original, em italiano) - 1960
6. O Sole Mio (Versão original) - 1960
7. Arlecchino Gitano (L'Arlequin de Tolède) - 1960
8. Gli Zingari (Les Gitans) - 1959
9. T'amerò Dolcemente (T'aimer Follement) - 1960
10. Chiudi Il Ballo con Me (Garde-Moi la Dernière Danse) - 1961
11. Piove (Ciao Ciao Bambina) - 1959
12. Come Prima (Tu me Donnes) (Versão original) - 1958
13. La Pioggia Cadrà (Le Jour où la Pluie Viendra) - 1959
14. Pezzettini Bikini (Itsi Bitsi Petit Bikini) - 1960
15. Amore Scusami (Em Italiano) - 1964